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FOLCLORE BRASILEIRO

“O folclore brasileiro enquanto área de estudo só ganhou força no Brasil a partir do século XX, mas as raízes dessa pesquisa em nosso país remontam ao século XIX. Isso foi possível graças à influência do Romantismo, corrente artística e literária que teve grande importância no Brasil. Essa corrente esteve associada com movimentos nacionalistas e procurava ressaltar elementos da cultura nacional.

Essa ideia foi reforçada com o Modernismo, corrente artística e literária que esteve em evidência, no Brasil, no começo do século XX. O movimento modernista tinha ideais ufanistas e idealizava o interior do Brasil como local da verdadeira brasilidade.

O escritor modernista Mário de Andrade foi um dos principais estudiosos do folclore brasileiro.[1]

O estudo do folclore passou a ser visto como uma forma de valorizar a cultura nacional. No século XIX, autores como Amadeu Amaral e Sílvio Romero tiveram importante papel na consolidação desse estudo. No começo do século XX, outros nomes, como os de Mário de Andrade e Arthur Ramos, ganharam notoriedade nesse campo do conhecimento.

A importância de Mário de Andrade no fortalecimento dos estudos sobre o folclore brasileiro foi reforçada na década de 1930, quando ele esteve à frente do Departamento de Cultura do Estado de São Paulo. Os estudos desenvolvidos começaram a aproximar o estudo do folclore com campos das ciências humanas e sociais.

Na década de 1940, a Unesco, entidade vinculada à ONU, recomendou o estudo e preservação do folclore nacional, e isso teve grande influência no Brasil, resultando na criação da Comissão Nacional de Folclore, em 1947. O crescimento do estudo do folclore levou à organização do I Congresso Brasileiro de Folclore, no Rio de Janeiro, em 1951.

Por meio desse congresso, foi debatido o que era folclore e o que deveria ser considerado como parte do folclore brasileiro. O documento emitido por esse congresso ficou conhecido como Carta do Folclore Brasileiro e norteou os debates e os estudos sobre folclore durante as décadas seguintes.

De acordo com esse documento, ficou estabelecido que o estudo do folclore era parte das ciências antropológicas e culturais. Além disso, definiu-se o folclore como “as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular” e que os elementos que formam o folclore (chamados de “fato folclórico”) possuíam algumas características, como aceitação coletiva e origem popular|1|.

Em 1958, durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi criada a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (CDFB) por meio do Ministério da Educação e Cultura. O objetivo dessa campanha, obviamente, era garantir a preservação do acervo folclórico brasileiro. A década de 1960 contou com a Revista do Folclore Brasileiro como grande difusora dos estudos realizados na área.

O golpe militar de 1964 acabou sendo um banho de água fria no crescimento dos estudos sobre o folclore do Brasil. Institucionalmente, as ações e estudos realizados nessa área pela CDFB foram interrompidos pela ditadura e só foram retomados a partir de 1976. O símbolo da repressão que se iniciava com a ditadura e que foi direcionado contra a CDFB (mas não somente contra ela) foi o fechamento do prédio em que ela estava localizada. Na porta do prédio, constava o cartaz com os dizeres: “fechado por ser um antro de comunistas”|2|.

A partir da década de 1990, os estudos sobre folclore ganharam novo fôlego no Brasil. Um grande marco foi o VIII Congresso Brasileiro de Folclore, que aconteceu em Salvador, em 1995. Baseando-se na Carta do Folclore Brasileiro, de 1951, esse congresso emitiu um novo documento com atualizações importantes.

Desde então ficou definido que “folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social”|3|. Outra determinação importante foram as garantias de preservação do patrimônio folclórico dadas pela Constituição de 1988, em seus artigos 215 e 216.

Manifestações do folclore brasileiro

As festas juninas são uma das festas mais tradicionais da cultura popular brasileira.

Utilizando como base a definição dada no VIII Congresso Brasileiro de Folclore, de 1995, podemos afirmar que o folclore brasileiro é resultado das criações culturais de uma comunidade, sendo assim, podemos incluir dentro do folclore não somente os contos e histórias de personagens folclóricos, como também os ritmos musicais, as danças, as festas populares, as brincadeiras etc.

Veja alguns exemplos de manifestações do folclore brasileiro:

Festa Junina

Folia de Reis

Carnaval

Samba

Maracatu

Catira

Baião

Frevo

Literatura de Cordel

Brincadeira de soltar pipa

Personagens do folclore brasileiro

Curupira e Mula sem Cabeça são dois personagens bem conhecidos do folclore brasileiro.

Uma parte muito importante do nosso folclore são as nossas lendas, que tornaram conhecidos na cultura popular personagens e seres míticos que reproduzem características importantes das três culturas que influenciaram a formação da cultura brasileira. Veja alguns desses personagens:

Saci-Pererê: entidade do folclore conhecida por ser zombeteira. O Saci é um pequeno negrinho conhecido por realizar travessuras contra viajantes e moradores da zona rural. Possui uma perna e utiliza um gorro vermelho.

Boitatá: cobra de fogo que, na lenda, atacava aqueles que incendiavam a floresta.

Curupira: entidade da floresta que é pequeno, possui cabelos vermelhos e os pés ao contrário (com os calcanhares para frente). Era uma espécie de protetor da floresta que aterrorizava aqueles que a destruíam.

Boto cor-de-rosa: ser muito conhecido do folclore amazônico que, na lenda, transformava-se em um homem sedutor que frequentava festas, seduzindo e engravidando mulheres solteiras.

Mula sem Cabeça: na tradição popular, mulheres que se deitavam com sacerdotes religiosos poderiam ser amaldiçoadas e transformar-se em uma mula que galopa soltando fogo pela cabeça e assombrando aqueles que encontra.

Dia do Folclore Brasileiro

O baião é uma das manifestações mais conhecidas da cultura popular brasileira na música.

Atualmente, existe no Brasil o Dia do Folclore Brasileiro, que é comemorado em 22 de agosto. A criação do Dia do Folclore Brasileiro ocorreu por meio do Decreto nº 56.747, que foi assinado em 17 de agosto de 1965 pelo então presidente militar, Humberto Castello Branco. O objetivo da criação desse dia era incentivar estudos na área e garantir a preservação do folclore brasileiro.

O dia 22 de agosto foi escolhido por meio de um marco importante nos estudos dessa área do conhecimento. Em 22 de agosto de 1846, o escritor inglês teve um artigo publicado em uma revista inglesa sugerindo a criação da palavra “folklore”, argumentando que ela significava “saber tradicional de um povo”.”

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br

 

 

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